quem mora na mesma rua
quase uma vida inteira
há de se sentir... diferente
Nela cheguei criança,cresci,casei e criei meus filhos.
Um sentimento carinhoso nos liga,numa relação de amizade,
tão longa,como aquela ladeira que,com suas curvas sinuosas,
me levava ao seu final,onde,morava minha família.
Casas antigas foram demolidas,surgindo prédios ,e onde,
apenas uma família morava ...outras surgiram.
Vizinhos queridos se foram,mas vieram novas amizades.A
vizinhança é fiel a essa bela rua,como os porteiros
antigos são amigos dos moradores.Depois de casada,voltei
a morar nela,mais duas vêzes e,da segunda,permaneço até hoje.
Foi,também,palco das inúmeras brincadeiras e alegrias dos meus
filhos que,num sobe e desce,de idas e vindas à casa dos avós,
foram aproveitando,a liberdade de morar nessa bucólica rua....
uma ladeira, sem saída .Quando tem ventania , tenho a sensação,
que o vento forte,parece assobiar , e me preocupo,quando
a chuva intensa desce pela ladeira,forte e ligeira sem parar.
Outro dia ,assisti,entristecida,a derrubada de uma árvore,
infestada de cupins,nos deixando órfãos, de seu invejável
sombreado.Mas nada se compara,à alegria de presenciar,
diàriamente,famílias de micos,brincando nas árvores,e correndo
sobre os fios de alta tensão,num malabarismo primoroso,
em busca de alimento.Ela,realmente,faz parte da minha
história,como se fosse, a ante sala da minha casa.Numa homenagem
sincera, a essa simpática e tranquïla rua,onde vivo,e que me
acolhe desde menina...relembro.....a cantiga de roda:
se essa rua,
se essa rua,fôsse minha ...
eu mandava,
eu mandava ladrilhar.......
com pedrinhas,
com pedrinhas de brilhantes..........
